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Missão ao ecossistema de inovação em saúde de Pelotas

Grupo realiza visitas ao ecossistema de inovação em saúde de Pelotas em busca de parceria, geração de negócios e trocas de conhecimento

Integrantes do South Collab Health (SCH) realizam uma visita ao ecossistema de inovação em saúde de Pelotas, buscando fomentar a inovação e busca parcerias, geração de negócios e trocas de conhecimento sobre esse setor em expansão. Essa missão técnica pioneira ocorreu nos dias 14 e 15 de junho de 2023.

Com um setor que movimenta mais de 12 bilhões de reais por ano no estado do Rio Grande do Sul, o SCH busca promover o desenvolvimento socioeconômico regional a partir da colaboração das mais de 60 instituições que compõem o grupo, o qual está presente nas oito regiões do estado: Região Metropolitana e Litoral Norte, Região Sul, Região Fronteira Oeste e Campanha, Região dos Vales, Região Produção e Norte, Região Noroeste e Missões, Região da Serra Gaúcha e Região Central.

A cidade de Pelotas foi escolhida por ser um polo de referência na área, contando com o APL da Saúde (Arranjo Produtivo Local do setor), associação de empresas e instituições, a qual tem como missão promover a articulação, a cooperação e a coordenação de ações no setor da saúde para geração do desenvolvimento regional.

O grupo SCH chegou na cidade na última quarta-feira com ônibus oferecido pelo Sebrae RS.

Dia 1 da Missão

Visita à indústria Lifemed

A primeira parada foi na Lifemed, com visitação guiada pelo Leonardo Reichow pela empresa e almoço oferecido pela organização. A Lifemed faz parte do grupo e é uma empresa referência no país, com mais de 40 anos de atividade no desenvolvimento de produtos, dispositivos e equipamentos médicos, que estão presentes em mais de 2000 hospitais.

Painel na Fenadoce

Após, o grupo se dirigiu para a Arena da Inovação SebraeX na Fenadoce, onde todos prestigiaram o painel intitulado ‘South Collab Health: a transformação dos hospitais por meio de novas tecnologias e práticas’, que teve uma discussão muito rica com os convidados:

Thomas Troian, Coordenador do Atrion – Centro de Inovação do Hospital Moinhos de Vento, Geraldo Aguiar, Gestor de Projetos e Inovação do Hospital Ernesto Dornelles, Thiago Vieira Collares, Gerente de Ensino e Pesquisa do Hospital Escola da UFPel e Diego Leite Nunes, Médico intensivista e CMIO da Lifemed, com a mediação do Leonardo Reichow, Presidente do Conselho de Administração do APL Saúde Pelotas. Após esta apresentação, os participantes tiveram a oportunidade de interagir e fazer networking durante a visita à feira.

Dia 2 da missão

No segundo dia de missão, ocorreram diversas visitas, iniciando por uma visita técnica à indústria Freedom, fabricante nacional de cadeiras de rodas manuais, motorizadas, scooters e elevadores elétricos.

Visita ao Pelotas Parque Tecnológico

Em seguida, fomos ao Pelotas Parque Tecnológico, onde participamos de uma rodada de pitches com 2 startups residentes do parque, visitando os espaços da Incubadora de empresas da UCPel, Incubadora Conectar, REINCSUL-IFSUL, Faculdade SENAC e outros.

Visita ao Hospital Escola UFPel

Após a visita ao parque, o grupo se dirigiu ao Hospital Escola UFPel para apresentação do Centro de Pesquisa Clínica e Laboratório de Simulação do HE/UFPel.

Visita ao Campus Saúde da UCPel

Por último, ocorreu a visita ao Campus Saúde da UCPel. O grupo participou da visita ao Laboratório de Simulação Realística do curso de Medicina e Enfermagem, onde ocorrem atividades voltadas para os alunos desta área.

Fomos recebidos pelo Ezequiel Megiato, Pró- Reitor Acadêmico, Cayo Moraes Lopes, Coordenador do Curso de Medicina, Ana Cristina Kraemer Moraes, Professora e Coordenadora do Projeto Health UX Lab – Laboratório de Simulação, Usabilidade e Avaliação de Tecnologias para a Saúde, vinculado ao Programa INOVA RS.

O laboratório de simulação realística será ampliado através de um projeto em parceria com a Lifemed e do INOVA RS que além de função acadêmica prestará serviços para empresas de que desenvolvem equipamentos eletromédicos.

Após essa visita, encerrou a missão South Collab Health ao ecossistema de inovação em saúde de Pelotas.

>>> A organização da missão e apoio foi oferecido pelo Sebrae RS, integrante do grupo.

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Como funciona o sistema de saúde brasileiro

Texto do professor Roger Rosa da UFRGS

O sistema de saúde brasileiro é constituído por diversas organizações públicas e privadas. É formado por uma rede complexa de prestadores e compradores de serviços que se articulam, gerando uma combinação público-privada financiada predominantemente por recursos privados.

Há três subsetores:

(i) público, com serviços são financiados e providos pelo Estado nos níveis federal, estadual e municipal, incluindo os serviços de saúde militares;

(ii) privado, que pode ser com ou sem finalidade lucrativa e financiado tanto por recursos públicos ou privados;

(iii) suplementar, que abrange diversas modalidades de planos privados de saúde e subsídios fiscais. Os componentes público e privado do sistema são distintos, mas estão interconectados. Brasileiros e estrangeiros podem utilizar os serviços de todos os três subsetores, dependendo da facilidade de acesso ou de sua capacidade de pagamento.

Em 2019, o consumo final de bens e serviços de saúde no Brasil atingiu o equivalente a R$ 711,4 bilhões, o que correspondeu a 9,6% do Produto Interno Bruto (PIB). Em 2010, era 8%. Desse total em 2019, R$ 283,6 bilhões (3,8% do PIB) foram despesas de consumo do governo e R$ 427,8 bilhões (5,8% do PIB) despesas de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias.

As despesas de consumo com serviços de saúde do governo, que correspondem aos serviços de saúde fornecidos à sociedade, englobam tanto os serviços produzidos pelo próprio governo em hospitais e estabelecimentos públicos quanto os serviços adquiridos de estabelecimentos privados.

O Brasil gasta com saúde acima da média da OCDE (8,8%), contudo, diversamente dos países daquela organização, 60% desta despesa é privada por meio de seguro de saúde privado voluntário ou pagamentos diretos pelas famílias.

Em 2019, 25% dos gastos com saúde foram financiados por pagamentos diretos (acima da média da OCDE de 20%), enquanto apenas 9% de todo o varejo gastos farmacêuticos foram financiados por esquemas públicos no Brasil (em comparação com 58% em todo os países da OCDE).

Em 2019, a despesa per capita com o consumo de bens e serviços de saúde de famílias e instituições sem fins de lucro a serviço das famílias alcançou R$ 2.035,6, enquanto as despesas de consumo per capita de todos os níveis de governo foram de R$ 1.349,6.

Os produtos relacionados à saúde têm baixa participação no comércio exterior de bens e serviços. Apenas 0,8% da demanda total corresponde à exportação de bens e serviços de saúde. Já as importações de bens e serviços de saúde corresponderam a 5,3% da oferta total em 2019.

As atividades relacionadas à saúde ganharam participação no total de postos de trabalho no país na última década, passando de 5,3% das ocupações, em 2010, para 7,4%, em 2019.

O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes a ter um sistema de saúde universal.

O Brasil é o único país do mundo com mais de 100 milhões de habitantes a ter um sistema de saúde universal. No sistema de saúde brasileiro, o Sistema Único de Saúde (SUS) compreende um conjunto de ações e serviços públicos de saúde que integram uma rede regionalizada e hierarquizada. Toda a população está formalmente coberta pelo SUS, com iguais benefícios e igual proteção financeira. Essa rede organiza-se de acordo com as diretrizes de (i) descentralização, com direção única em cada nível de governo, (ii) atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; e (iii) participação da comunidade, por meio de conselhos e conferências de saúde, no âmbito federal, estadual e municipal, de composição paritária, em que metade são representantes de usuários.

O setor privado ocupa grande espaço nos serviços do SUS, especialmente em cuidados na atenção secundária e terciária com tendência à expansão na atenção primária. A reorganização e o fortalecimento da atenção primária à saúde tem sido um componente-chave.

A Saúde da Família (Estratégia de Saúde da Família, [ESF]), um dos maiores programas no mundo, aumentou com sucesso a cobertura da população, melhorou os principais resultados de saúde, e reduziu desigualdades em saúde.

As principais agências de saúde de nível nacional quase autônomas são a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A missão da ANVISA é proteger e promover a saúde da população, intervindo nos riscos da produção e uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária, inclusive farmacêuticos. A missão da ANS é a defesa do interesse público nos seguros privados de saúde, regulamentando os operadores do setor.

O seguro de saúde privado é voluntário e pode ser classificado como cobertura duplicada, pois cobre serviços curativos necessários que também são cobertos pelo SUS.

Em 2019, 24,2% dos brasileiros tinham seguro privado voluntário. Aproximadamente 70% desses beneficiários recebem seu seguro de saúde privado como benefício de emprego.

Os planos de saúde privados oferecem serviços de saúde por meio de instalações próprias ou por meio de organizações de assistência médica credenciadas.

O Brasil passou por uma rápida transição epidemiológica para uma predominância de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Em 2019, quatro DCNTs foram as principais causas de mortalidade no Brasil:

  • doenças do aparelho circulatório (27%),
  • neoplasias (17%),
  • doenças crônicas respiratórias (12%)
  • e diabetes (5%).

/ Fonte: dados compilados e texto escrito pelo Professor Roger dos Santos Rosa do Departamento de Medicina Social da UFRGS.

/ Referências: